A Secretária Permanente (SP) da Secretaria do Estado da Juventude e Emprego (SEJE), Ivete Ângela dos Anjos, instou aos deputados membros do Gabinete da Juventude Parlamentar (GJP) para a necessidade de advogarem junto do executivo para a melhoria do orçamento que é anualmente alocado para os programas de desenvolvimento da juventude e para uma planificação e orçamentação na óptica da juventude.

Falando este fim-de-semana na Macaneta, distrito de Marracuene, Província de Maputo, durante o seminário de capacitação dos deputados membros do GJP, em matérias de planificação, liderança e desenvolvimento na perspetiva de género, Dos Anjos sublinhou que com o aumento do orçamento será possível um maior investimento na educação dos jovens com enfoque à educação profissional para que estes possam ter, futuramente, um rendimento e, consequentemente, uma vida digna.

“A ideia é impulsionar cada vez mais o saber fazer nos jovens, uma vez que o ensino geral apenas não possibilita que esta camada social consiga competir em pé de igualdade num mercado laboral cada vez mais exigente quanto ao saber fazer”, disse a SP ajuntando que a educação, emprego e habitação condigna continuam sendo os principais desafios da juventude moçambicana.

No âmbito do processo de fiscalização da Politica da Juventude, a SP disse haver a necessidade de os parlamentares aprimorarem e consolidarem os seus conhecimentos em matérias da juventude para realizarem com êxito a fiscalização parlamentar da acção do Executivo.

Para a SP, para além dos instrumentos existentes, o GJP pode definir matrizes com indicadores mensuráveis de monitoria e avaliação da implementação da Política da Juventude devendo ter em conta os pilares da Política da Juventude e as metas previstas na Estratégia da sua Implementação.

“Temos que dar aos jovens informações relevantes para o desenvolvimento do país”, sublinhou a Secretária Permanente da Secretaria da Juventude e Emprego.

Este posicionamento é corroborado pelo investigador e académico moçambicano, Emílio Zeca, que defende a ideia de que para que a juventude tenha sucesso há necessidade de orientá-la vocacionalmente, “isto é, aproveitar os seus talentos para que ela se sinta mais útil e contribuir para o seu próprio desenvolvimento e, por conseguinte, do Pais”.

Falando sobre o tema Juventude e o Mercado de Trabalho: o compromisso social da orientação profissional e a construção do projecto de vida, o académico moçambicano sublinhou que a ideia é orientar os jovens profissionalmente e, de acordo com as habilidades que possuem, serem encaminhados para uma profissão.

“Contudo, temos consciência que isso ainda é complexo para a nossa realidade pelo facto de o nosso sistema educacional ainda ser tradicional”, disse explicando que, a título de exemplo, nas escolas públicas não existe a figura de psicológico para orientar as crianças sob ponto de vista vocacional.

Zeca defende que para se colmatar com alguns problemas e inquietações que apoquentam a juventude moçambicana é premente a definição de políticas públicas protectoras da juventude sem olhar para as cores partidárias nem outras formas de discriminação.

Com efeito, Zeca instou aos deputados do GJP a reflectirem como podem ajudar aos jovens, por exemplo, onde ocorre a exploração dos recursos naturais, sugerindo ao Parlamento para a revisão das Leis do Trabalho, do Investimento Directo Estrangeiro e de Conteúdo Local para que sejam favoráveis aos jovens locais mediante a criação de quotas que possam obrigar a necessidade de absorção de mão- de-obra local, em primeira instância, antes de se recrutar noutras províncias ou no estrangeiro.

Segundo Zeca o GJP deve, igualmente, no seu trabalho, dialogar com a juventude de forma criativa, construtiva, aberta e sem imposições sobre o seu projecto de vida, novas perspectivas como mudanças globais, regionais e nacionais, instrução e formação continua no domínio das tecnologias de informação e comunicação e necessidade de orientação vocacional e profissional.

A capacitação dos jovens deputados debruçou-se sobre diversos temas dos quais, sobre a juventude e politica; política nacional de juventude; trajetória e desafios do programa nacional da juventude, juventudes e o mercado de trabalho; o compromisso social da orientação profissional e a construção de projecto de vida, participação política, liderança e género; desafios da juventude no contexto moçambicano.

Organizada pela Assembleia da República em coordenação com International IDEA, no âmbito da implementação do Programa “Apoio à Consolidação da Democracia em Moçambique”, financiado pela União Europeia e co-financiado pela Agência Austríaca para o Desenvolvimento a capacitação visava dotar aos membros deste Gabinete Parlamentar, de instrumentos e elementos que promovam procedimentos que influam para o incentivo da consciência de pertença e de inclusão da juventude na participação da vida política, económica, bem como na liderança, planificação e desenvolvimento social na perspectiva da juventude e do género.