Os deputados de África, Caraíbas, Pacifico e União Europeia (ACP-UE) são unânimes ao defender a necessidade de se desenhar uma estratégica global para resolver problemas de terrorismo e de mudanças climáticas, dois eventos extremos que tem assolado diversos países e contribuído, sobremaneira, para o atraso económico, o desenvolvimento social e humano e aumentam a insegurança alimentar.
Esta posição surgiu esta terça-feira, em Maputo, no âmbito da 42ª sessão Assembleia Parlamentar Paritária de ACP-EU, que decorre na capital moçambicana, Maputo, concretamente sobre o debate em relação ao impacto do terrorismo na África subsaariana e sobre as mudanças climáticas que assolam todos os continentes.
No que concerne ao terrorismo, foi assente na sessão desta terça-feira que este assunto não deve ser visto de uma forma unilateral, como problema de alguns países, mas sim de forma holística para que a sua erradicação seja de uma forma concertada de todos os países que são neste momento vítimas assim como os que ainda não registam eventos de natureza.
Os deputados acreditam que se um país vizinho está a ser assolado pelo terrorismo o mesmo pode acontecer com outro país, por isso defende-se uma cooperação mais consentânea tanto a nível dos governos, parlamentos e sociedade civil como a nível das lideranças militares para que, em conjunto, possa se desencorajar estas práticas nocivas a toda sociedade.

Para a deputada Ana Rita Sithole, membro da ACP-UE, o terrorismo é um desafio internacional, dai que há uma necessidade de se tomar uma posição internacional de compromisso “para que possamos combate-lo, uma vez que, se formos a analisar, os terroristas, geralmente, estão muito bem equipados. Por isso que nós os africanos, em particular, temos a percepção que a única maneira de diminuir o impacto e fragilizar a acção do terrorista é de descobrir quem anda a lhes equipar e quem os arma, só assim podemos combater o terrorismo”.
Para o efeito, Segundo Lopes Aguilar, membro de ACP-UE, “não podemos combater o terrorismo somente com armas e soldados, devemos erradicar as suas fontes com enfoque para as desigualdades económicas dentro dos países, partilhar informações e apostarmos na formação policial, para trazer a paz também a nível social”.
Por sua vez, Michel Nyambuya, membro de ACP-UE, entende que “os desafios colocados pelo terrorismo precisam de respostas globais, uma estratégia global que vai além de preocupações domésticas de cada país e aponta três caminhos importantes que devem ser vistos nesta luta, dos quais a necessidade da erradicação da pobreza, a todos os níveis, para que se consiga um desenvolvimento humano aceitável.
“Em segundo lugar, os estados devem ser incentivados a adoptar medidas do desenvolvimento económico e social e distribuição equitativa dos ganhos dos recursos incluindo as camadas mais vulneráveis como mulheres e jovens e minorias étnicas”, disse o parlamentar ajuntando que e o terceiro aspecto tem a ver com e a necessidade de maior cooperação militar e partilha de informações bilaterais e internacionais, bem como uma cooperação intensa entre as forças de defesa tanto a nível bilateral quanto a nível regional.
Sobre o assunto de terrorismo, o acento tónico dos debates recaiu na ideia de que nenhum pai é imune dai ser importante uma maior cooperação e solidariedade da comunidade internacional, a eliminação da proliferação de armas e apoio a grupos armados.
No que à mudanças climáticas diz respeito, a sessão parlamentar paritária ACP-UE chegou ao entendimento que este fenómeno constitui, igualmente, uma ameaça para o mundo todo em especial para os países insulares, não obstante ser um assunto que não é visto como destaque em alguns países.
As alterações climáticas constituem transformações nos padrões de temperatura e clima a longo prazo e essas alterações podem ser naturais, como por meio de variações no ciclo solar, mas, desde 1800, as atividades humanas têm sido o principal impulsionador das mudanças climáticas, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás.
Aqueles parlamentares entendem que as alterações climáticas são uma ameaça a todo mundo, contudo os Países da Africa, Caraíbas e Pacifico são os mais afectados pelas alterações climáticas, a emissão de gazes de efeito estufa, o desflorestamento e a poluição do meio ambiente, factores que contribuem de forma directa nas mudanças climáticas, fazendo com que todos os países sejam vulneráveis a estes fenómenos.

Estifanos Alamayehu, Membro da ACP-EU, disse que as discussões sobre as mudanças climatéricas são importantes, porque nenhum país ou nação está imune as alterações, tendo acrescentado que “todos devem agir para encontrar soluções para esses fenómenos”. O mesmo enalteceu o papel dos jovens no combate as mudanças climatéricas, tendo dito que uma das nossas maiores armas no combate deste fenómeno, são os jovens da África, do Pacífico e das Caraíbas, pois estes continuam muito fortes e podem trazer soluções positivas e inovadores para reverter o actual quadro das mudanças climáticas”.
Nesse contexto, o Deputado Euclides Varela da Silva, Membro da ACP-UE, apelou aos Estados da OEACP para tomarem medidas para reduzir o impacto climático e diz que o seu pais, cabo verde, tem estado a sofrer na pele com a mudanças climáticas, por isso “apelo aos Estados membros da OEACP para interagirem com estados e indústrias que mais poluem o ambiente, para que tomem uma atitude para preserva-lo, porque quem esta a sofrer somos nós”.
Na sessão, os deputados dos países da Africa, Caraíbas e Pacifico, foram unanimes ao afirmar que para lutar contra as mudanças climáticas, é necessário unir-se sinergias e investir-se de forma célere nas reservas de dióxido de carbono e diminuir os níveis de poluição bem como advogar mais nas questões ambientais.