A deputada e membro da Comissão Permanente da Assembleia da República, Ana Rita Sithole, insta a mulher moçambicana a ser mais solidária uma com a outra e juntas contribuírem para a sua maior presença nos órgãos de tomada de decisão.
Falando fim de semana, na Cidade da Matola, Província de Maputo, durante uma acção de capacitação das deputadas do Gabinete da Mulher Parlamentar ﴾GMP﴿ em matéria da indústria extractiva, género e liderança feminina no contexto parlamentar, Sithole afirmou que o que impera o progresso da mulher moçambicana é a falta de solidariedade.
“Vimos que raras vezes quando uma mulher ascende a um cargo de liderança ela tem a solidariedade das suas colegas”, disse Sithole, sublinhando que “portanto, precisamos de trabalhar mais para podermos garantir que elas consigam alcançar altos níveis de progresso, criando condições para o seu crescimento, olhando para as camadas desfavorecidas e a juventude”.
Dissertando em torno do tema “Experiência da Mulher na Liderança”, a deputada mostrou-se preocupada com a fraca presença da mulher moçambicana nos cargos de liderança, tendo vincado que “não podemos dar-nos por satisfeitas porque mesmo o nível de participação da mulher dentro dos grupos parlamentares ainda não é notório”.
Segundo a deputada e membro da Comissão Permanente da Assembleia da República, no seio a mulher moçambicana ainda há muito trabalho por realizar, pois ela precisa de conquistar espaços e identificar os aspectos que imperam o seu progresso.
Por seu turno, a presidente do GMP, Maria Marta Fernando, reconhece que ao longo das décadas evoluiu a representatividade parlamentar feminina e a mulher alcançou importantes avanços em todos os ramos de actividades. ʺPodemos afirmar que a equidade de género está cada vez mais evidente em todos os sectores, pese embora a existência de estereótiposʺ, disse.
A título exemplificativo, Fernando afirmou que a equidade de género é notória nos círculos de liderança e de tomada de decisões, nomeadamente na Assembleia da República e no Governo onde a mulher encontra-se inserida, ocupando posições privilegiadas e de destaque.
Num outro passo da sua intervenção, a presidente do GMP reconheceu que, no campo do gênero e liderança feminina, os desafios ainda são enormes, pois ʺalgumas culturas ainda subjugam a liberdade e delimitam o espaço da mulher na sociedade e nos locais de trabalho, sujeitando-as a diversos tipos discriminaçãoʺ.
De acordo com Maria Fernando, os estudos sobre o gênero e liderança feminina constituem instrumentos importantes na medida em que influenciam na forma de ver e interpretar os fenómenos sociopolíticos e económicos, proporcionando a mudança de paradigmas resultantes da combinação entre a teoria e a prática.
A acção de capacitação tinha por objectivo municiar os membros do GMP e as deputadas que não integram as Comissões de Trabalho da Assembleia da República de instrumentos básicos de teor legistico sobre indústria extractiva, gênero e liderança feminina no contexto parlamentar face aos desafios do género com a emergência da indústria extractiva.
Já Fidália Maculuve, técnica do Instituto para a Democracia Multipartidária ﴾IMD﴿, disse que a acção de capacitação das parlamentares tinha em vista reforçar as capacidades das mulheres para que possam exercer, com zelo e dedicação, a sua função fiscalizadora na área da indústria extractiva.
Segundo a técnica, que no evento debruçou-se sobre Cadeia de Valor da Indústria Extractiva, Modelos de Gestão de Receitas e o Papel do Parlamento”; a reunião enquadrou-se nos esforços da Assembleia da República visando o reforço da participação política da mulher nos órgãos de liderança, com realce para a área da indústria extractiva.
No encontro da Cidade de Matola, os participantes abordaram diversos temas, com destaque para “Indústria Extractiva: Dinâmicas Actuais dos Projectos dos Sectores de Petróleo e Gás, Suas Implicações para economia moçambicana”; “Regime de Tributação do Sector de Petróleo e Gás”; “Cadeia de Valor da Indústria Extractiva, Modelos de Gestão de Receitas e o Papel do Parlamento”; “O Processo Legislativo, Leis da Família e das Sucessões”.
Organizada pela Assembleia da República, em parceria com o IMD a capacitação teve como facilitadores técnicos das diversas instituições do Estado, tendo como finalidade de municiar as mulheres parlamentares de conhecimentos que lhes permitam influenciar outras mulheres na participação activa no processo de desenvolvimento sustentável do sector da indústria extractiva em Moçambique.
